Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Durante uma corrida da IndyCar, o coração de um piloto trabalha de 85 à 90% acima da capacidade máxima gerando uma média de 150 a 200 batidas por minuto devendo sustentar, durante as curvas, até 5giros; algo como ter mais de 22 quilos e meio sobre a sua cabeça. Enquanto tenta manter seu pescoço inteiro, o piloto precisa ainda calcular a distância e velocidade de aproximação dos outros carros, saber quem é quem e suportar uma temperatura corporal de até 40ºC. Para Danica Patrick, não existe melhor ambiente para se estar.
O pai, piloto de snowmobile e motos, conheceu a mãe, mecânica num encontro às escuras. T.J. e Bev casaram-se pouco tempo depois naqueles anos 70 e, aos 10 anos, Danica já era corredora de Cart numa cidadezinha de Wisconsin sob a supervisão dos experientes progenitores. Com um claro talento para corridas, logo a pequena Danica passou a dispersar-se dos estudos formais e de seu posto de cheerleader para dedicar-se integralmente aos carros. Por isso, na adolescência, rumou para a Inglaterra em busca de aperfeiçoamento nas corridas de rua; suas favoritas. Na Europa, passou a integrar a Fórmula Ford embasbacando dúzias de machos com suas sucessivas ameaças aos pódios.
Mas a visibilidade viria mesmo durante as competições na Fórmula Atlantic, pela equipe RLR pertencente ao ex-corredor Bobby Rahal e – curiosamente – ao apresentador David Letterman. Lá, tornou-se figura recorrente nos pódios e, embora não tenha ganho nenhuma corrida, terminara o campeonato de 2004 em terceiro lugar, nada mal.
O que não se sabe direito é em que momento uma cabeça iluminada deu-se conta de que Danica Patrick acelerava, nas palavras do The New York Post, não só os carros, mas também os pulsos masculinos. Era a ponta da controvérsia: em 2005, a piloto tornara-se a quarta mulher a competir nas 500 Milhas de Indianápolis, da série IndyCar mas, o que se viam mesmo ressaltadas eram as suas curvas. A promoção de sua imagem pelas revistas de auto, que já não era pouca, multiplicou-se. Em três anos como corredora, sem ganhar nem uma corrida, Danica Patrick tornou-se top da mídia esportiva estampando capas como a da revista Sport Illustrated e campanhas para a Motorola e Honda.
Na boleia, a IndyCar também se beneficiara e os índices de audiência subiram alegremente. Como os críticos poderiam ficar calados? Por sua beleza, Danica era apontada como uma estratégia de marketing da categoria. É uma conclusão minimamente ridícula se nos atentarmos para o conjunto físico que um atleta corredor da IndyCar precisa reunir mas, e isso é fato, o visual e desinibição de Danica Patrick são rentáveis para muita gente. Mas é igualmente preciso concordar que, nas pistas ou fora delas, Danica não costuma demonstrar nenhuma delicadeza, melindres ou falta de profissionalismo, nem em suas poses sensuais desfaz os ares de piloto explosiva. É o estereótipo da mulher gostosa que transita onde só os homens deveriam estar transitando, com cara de poucos amigos.
Danica Patrick, em seus quase quatro anos de Indy, já coleciona uma bela listagem de brigas e acessos de fúria em plena pista, como na corrida desse ano em que, após uma colisão com Ryan Briscoe, saiu do carro disposta a fazer sabe-se-lá-o-que com o outro, só sendo contida depois que interferiu um segurança de dois metros. Seu temperamento passional acaba se tornando um show à parte nas corridas porque, como se sabe, algo que agrada aos espectadores da Indy são quaisquer atitudes punks como cuspir o mecânico da equipe vizinha ou meter seu carro numa mureta.
E, se a Go-Daddy Girl ainda não oferecia todas as atrações aos amantes do auto-mobilismo, isso acabou em abril deste ano quando Danica, aos 26 anos, venceu no circuito de Motegi, Japão, tornando-se a primeira mulher a ganhar uma corrida de Fórmula Indy, também a primeira mulher a vencer em um campeonato de elite. Mais? Para a audiência das corridas de auto, resta esperar pelas próximas vitórias da Mulher-Maravilha, como é conhecida no Brasil, e, para os moços que babam por ela, resta saber se a Playboy lhe convence a mostrar o quanto é realmente boa nas curvas.
Texto e desenho no Obvious.