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Mulher da semana: Sarah Silverman

por Henrique Monteiro, em 21.09.08

 

 

Texto de Priscilla Santos

 

Sarah Silverman usa um vestido cor de chumbo em conjunto com uma singela blusa branca aos moldes mocinha de colégio interno: a princesa judaico-americana. Os cabelos presos e ela caminha até o centro do palco para encontrar uma platéia formada por atores, produtores e diretores brilhantes do cinema mundial que, nada efusivamente, a aplaudem num igualmente brilhante controle dos nervos que, em meio ao pânico e constrangimento geral, permitia a todos fingir que sorriam.

 

Na definição do gênero cômico stand-up, diz-se que se trata de uma atuação onde figura normalmente um comediante a fazer séries de observações hilariantes sobre o cotidiano. Por sua vez, o dicionário reza que hilariante é um tudo "capaz de provocar alegria" mas - e isso sabiam todos aqueles atores, diretores, roteiristas ou produtores - a coisa da alegria não tem realmente a ver com Sarah Silverman... e foi por conta disso que lá estavam todos eles, brilhantes, naquela angústia mal disfarçada, quando ela foi chamada ao palco e iniciou seu o stand-up no Spirit Award 2007, o Oscar do cinema alternativo. Menos de cinco minutos depois, Silverman estaria fazendo sexo imaginário com um queijo. A bela moça de vestido chumbo e blusa de babados sussurrava fuck... fuck, fu... segurando lá o seu queijo baby-bell, mas a Laura Dern trincou os dentes e toda a gente escondeu os rosto com as mãos e todo controle cênico, todo controle nervoso, ou todos os prozacs e toda a arte sucumbiam perante um constrangimento coletivo misturado com um prazer pervertido. Muito gostoso. Catarse.
Nada nos monólogos cômicos de Sarah Kate Silverman é feito para provocar alegria: seu humor é um ácido altamente corrosivo, sua boca é severamente imunda e seu humor negro possui um nível de crueldade poucas vezes visto na história da arte do fazer rir. E ela faz rir, seja por conta do público identificar-se com as situações, ou por conta do contrangimento que nele provoca, ou porque ele não encontrou nada melhor para fazer com o rosto. Ninguém está a salvo; nem os velhos, ou os asiáticos, os latinos, os pais e as mães, os aidéticos, as vítimas do furacão Katrina, Jesus Cristo e nem, obviamente, os judeus, sua matriz familiar. Muito menos os negros.

 

Tendo iniciado sua carreira em 1993 com apresentações stand-up pelos bares de Nova Iorque, Sarah Silverman já passou por programas como o Saturday Night Live, Star-Trek e Monk, também por filmes como School of Rock e hoje tem seu próprio horário com o The Sarah Silverman Program, atração que lhe rendeu visibilidade mundial (no Brasil, é transmitido pela emissora à cabo Sony). Recentemente foi premiada com um Emmy por sua "canção" I'm fucking Matt Damon, dedicada ao namorado na época, o também comediante Jimmy Kimmel quem sempre utilizou Damon como sua maior vítima de piadas. O vídeo da música tornou-se sucesso instantâneo e ganhou até uma resposta magnífica produzida por Kimmel chamada I'm fucking Ben Alfeck.

 

Sua fala controversa já lhe rendeu diversos processos judiciais mas, até então, Silverman vem safando-se, embora com algumas conseqüências como, segundo ela expõe, o agravamento de seu estado depressivo. É rotineiramente acusada de racismo, o que nega prontamente assumindo-se apenas como provocadora e politicamente incorreta, um Homer Simpson. Não acredita que deva ter pudores ao tratar de tabus atuais como o comportamento exagerado que se observa na maioria dos negros daquele país, mas seus argumentos não acalmam a ninguém. Depois das militâncias étnicas, no ranking dos que mais processam Sarah Silverman, vêm as comunidades religiosas que a repreendem semanalmente por toda a exibição de assuntos ditos "deploráveis"; sobre isso ela disse certa vez: eu não acredito em Jesus ou em Deus, mas acredito em fundamentalistas religiosos e que são maus, que eles possuem mais ódio que amor. As palavras de Jesus se tornaram tão pervertidas ao longo do tempo que, porra, se Jesus existisse, ele teria se matado.
Se Jesus existe, então ele é resistente como a Paris Hilton que ouviu com relativa elegância as tiradas ofensivas de Silverman durante o MTV Movie Awards do ano passado: daqui a alguns dias, Paris Hilton irá para a cadeia; (aplausos da plateia) o juiz disse que ela não terá mordomias, mas isso é ridículo porque, na verdade, para deixá-la mais confortável, os guardas pintarão as grades para que se pareçam com pênis (pausa, mais aplausos) o que também acho errado. Eu só me preocupo dela quebrar os dentes.. Ao contrário de seus brilhantes colegas do cinema alternativo, Jack Nicholson adorou.

 

Caricatura e texto no Obvious.

 

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2 comentários

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De mi a 21.09.2008 às 15:05

Confesso a minha ignorância, nunca tinha ouvido falar de Sarah Silverman. Mas a descrição da Priscilla aguçou-me a curiosidade. Procurei imagens da comediante fiquei mais esclarecida. Penso, cada vez mais convicta que este espaço contem um elevado teor "enciclopédico" Parabéns, está óptimo e lindo, obrigado.
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De touaqui42 a 21.09.2008 às 19:08

Não conhecia.
Mas, fiquei a saber mais um pouco.
Mas gostei do boneco ó HM.

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