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Golpe de misericórdia

por Henrique Monteiro, em 28.03.10

Publicado em SAPO Desporto

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Anos de Cartoons



57 comentários

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De Anónimo a 29.03.2010 às 21:31

Foi exactamente há 50 anos. Estamos em 22 de Março de 1959. Hoje é conhecido o campeão nacional. São três da tarde e a bola começa a rolar em todos os estádios. Em todos não. Na Luz, o Benfica recebe a CUF e sobe ao relvado dois minutos antes do início do jogo. A estratégia é retardar a partida o máximo possível, de forma a saber o que se passa em Torres Vedras, no Torreense-F. C. porto.

Os dragões estão a um pequeno passo do título: são líderes com os mesmos pontos do que os rivais da Luz, mas com vantagem na diferença de golos. Para ser campeão, o Benfica precisa de marcar mais cinco golos do que aqueles que os portistas marcassem.

No Campo das Covas, já se contam oito minutos de jogo, quando na Luz, Inocêncio João Teixeira Calabote, árbitro internacional de Évora e com passado infeliz nos jogos com o F. C. Porto, faz soar pela primeira vez o apito. A primeira parte corre de feição às águias que chegam ao intervalo a vencer por 4-0, com os dois primeiros golos de penálti, o segundo dos quais considerado inexistente por toda a crítica.

A vantagem era insuficiente, uma vez que os portistas já tinham inaugurado o marcador. Na segunda parte, já depois do golo de honra da CUF, o Benfica não demoraria a dilatar a vantagem com mais dois golos, um deles de penálti. Os encarnados são virtualmente campeões. Festeja-se na Luz, sofre-se nas Covas.

Não por muito tempo. O portista Noé faz o segundo golo e a festa volta a Torres Vedras. Por pouco tempo também. De rajada, os benfiquistas fazem o 7-1, já o guarda-redes Gama, da CUF, tinha sido substituído, a pedido dos colegas, num tarde muito infeliz...

Porém, em cima do minuto 90, Teixeira faz o 3-0 e volta a entregar o título ao F. C. Porto. O jogo termina a seguir, mas não há campeão. Na Luz, ainda faltam jogar oito minutos, mais os quatro de compensação concedidos por Calabote - que ainda expulsou três jogadores da CUF -, quando, na altura, não era normal dar-se mais do que dois. Foram 12 longos minutos de sofrimento em Torres Vedras, enquanto o Benfica desespereva por mais um golo, que não veio a acontecer. A festa mudava-se, de vez, para as Covas.

Poucos dias após o mais dramático epílogo dos campeonatos, Calabote é alvo de inquérito federativo e acusado de ter mentido no relatório, escrevendo que o jogo principiara às 15 horas e terminara às 16.42 horas. O árbitro de defende-se e diz que o seu relógio é que vale. Nada feito. É acusado de corrupção, mas diz que nunca recebeu um tostão. É irradiado uns meses mais tarde.

O livro sobre o "Caso Calabote", da autoria do jornalista João Queiroz, será editado brevemente pela Quidnovi.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Desporto/Interior.aspx?content_id=1178046
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De ups .. desculpem a 29.03.2010 às 22:11

TRIPEIRADA:
Já que gostam tanto de andar a queimar pestanas na NET (quais virgens, 4 olhos a fazerem-se de valentes ..) tomem lá um "copy-paste" para se entreterem enquanto vou aqui ver a antevisão do SLB-Liverpool.
Aqui Vai:
UMA MENTIRA REPETIDA MUITAS VEZES
Nos últimos tempos tem sido comum encontrar espalhada pela blogosfera uma redonda e persistente mentira, segundo a qual o Benfica seria um clube conotado com o antigo regime ou protegido pelo mesmo.
Em cerca de trinta anos de adepto de futebol nunca tinha ouvido tal coisa, e foi preciso aparecerem uns iluminados, fanatizados e instrumentalizados por um certo poder, para ver lançada no ar essa atoarda, como se se tratasse da mais cristalina das evidências.
A afirmação é tão absurda que não mereceria mais que o silêncio. Mas ainda assim, não gostaria de perder a oportunidade de deixar aqui algumas notas, para que os mais novos não se deixem enganar, e a partir das quais se pode ver o ridículo em que caem aqueles que, por fraqueza de espírito, ingenuidade ou ignorância, se deixam manipular e fanatizar por quem deles se serve e assim perpetua um poder bem mais absoluto do que devia, e para o qual a ética e a justiça estão, não na ponta da espingarda como diria Mao-Tse-Tung, mas sim numa qualquer comemoração triunfante na Alameda das Antas. Vejamos:

1 - Será o menos importante, mas para começar, a cor vermelha diz bastante. Salazar, que nem sequer gostava de futebol, nunca patrocinaria um clube com as cores da sua figadal inimiga União Soviética. A comunicação social até foi forçada a utilizar a palavra “encarnados” para descrever o Benfica, de modo a não conjugar “vermelhos” com “vencedores”, o que poderia ser dramático para o regime. Ao contrário do Real Madrid – que usava cores queridas aos falangistas de Franco -, o Benfica usava as cores da revolta. Diria até que, por exemplo, o azul e o branco ficariam esteticamente bem melhor com toda a simbologia salazarista.

2 - O Estado Novo teve início em 1926 e começou a desintegrar-se em 1961 com as crises estudantis e a guerra colonial. Pois foi precisamente na fase decadente do antigo regime que o Benfica emergiu como força dominante do desporto português.
Nos primeiros vinte e cinco campeonatos nacionais (entre 1934 e 1959, ou seja o período mais relevante do Salazarismo), a lista de vencedores é encabeçada pelo Sporting com 10 títulos, seguindo-se o Benfica com 9, o F.C.Porto com 5 e o Belenenses com 1. O Benfica tinha portanto vencido 36 % dos campeonatos – em 2008 tem 42%...

3 - O 25 de Abril foi, como todos sabem, em 1974. Pois nas três épocas seguintes o Benfica foi tri-campeão !. Nos vinte anos a seguir à revolução o clube da Luz, não parecendo sentir nada o fim da ditadura, venceu 10 campeonatos, 7 taças, e foi a 3 finais europeias. No mesmo período o F.C.Porto conquistou 8 campeonatos, 5 taças e foi a 2 finais europeias. O Sporting venceu 2 campeonatos e 2 taças.
A crise benfiquista, e a consequente hegemonia portista, deu-se apenas devido às sucessivas má gestões de Jorge de Brito (neste caso mais de quem o acompanhava), e sobretudo, Manuel Damásio e Vale e Azevedo que, paralelamente a outros aspectos, abriram campo aos triunfos portistas das últimas decadas.

4 - Por falar em presidentes, o Benfica foi ao longo da sua história, e enquanto durou o regime anterior, quase sempre presidido por ilustres oposicionistas. Félix Bermudes foi perseguido pela PIDE, e no consolado de Tamagnini Barbosa o clube chegou a correr o risco de ser encerrado pelo governo por alegadamente estar tomado por “conspiradores”. Um outro presidente (Júlio Ribeiro da Costa) teve mesmo de se demitir para que o clube não fosse mais penalizado pelo regime, dada a sua forte conotação política com a oposição. O Benfica chegou a ter um presidente operário (Manuel Afonso, também, naturalmente, oposicionista), e foi, de longe, o clube desportivo que mais problemas criou a Salazar, como de resto seria de esperar numa agremiação tão marcadamente popular desde a sua fundação.

(continua no próximo comentário)
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De ups .. desculpem lá outra vez .. a 29.03.2010 às 22:13

5 - Os órgãos sociais do Benfica sempre foram eleitos democraticamente, o que por diversas vezes foi alvo do olhar recriminador da PIDE, que acompanhou os actos eleitorais e assembleias-gerais bem de perto. Durante muitos anos foi o Benfica a única das grandes instituições do país onde o poder era escolhido através de voto livre e democrático. Nem o Jornal do clube escapou à perseguição, sobretudo quando tinha à sua frente José Magalhães Godinho.

6 - Os poderes públicos apoiavam tanto os “encarnados” que em 1956 escolheram o Sporting – por convite - para participar na primeira edição da Taça dos Campeões Europeus, apesar do campeão da época anterior ter sido o Benfica.

7 - O Estádio das Antas, construído com fortíssima ajuda do regime, e financiado por gente a ele ligada, foi inaugurado num dia 28 de Maio, data em que Gomes da Costa havia partido do norte em direcção a Lisboa para instalar a ditadura em Portugal, 26 anos antes. Curiosamente, o Benfica estragou a festa e venceu por…2-8 !!
Pelo contrário, o Estádio da Luz foi construído (muitas vezes literalmente) pelos sócios do Benfica, sem recurso a quaisquer subsídios, e permitiu ao clube acabar com os sucessivos despejos a que foi sujeito e a que foi estoicamente resistindo. Curiosamente, o estádio que o Benfica utilizava antes tinha sido arrendado pelo Sporting (clube da aristocracia lisboeta), que então lhe chamava Estádio 28 de Maio. O Benfica não só fez questão de o inaugurar num dia 5 de Outubro, como lhe mudou o nome, designando-o apenas por “Campo Grande”.

8 - No início dos anos quarenta, época dourada de Salazar, o F.C.Porto beneficiou da ajuda dos seus influentes homens do poder para, através de dois cirúrgicos alargamentos, evitar cair para a segunda divisão, após se ter classificado em terceiro lugar no seu campeonato regional, que na altura apurava as equipas (os dois primeiros) para a prova nacional. Mal se sabia que, décadas e décadas depois, seria novamente a sua influência a evitar a descida, agora por motivos bem diferentes, e bem mais nebulosos.

9 - Como referiu Manuel Alegre – insuspeito de salazarismo – os relatos dos jogos do Benfica, e as suas vitórias, eram motivo de grande regozijo entre os exilados políticos. O Benfica era mesmo, para alguns deles, o único motivo de orgulho no seu país.


10 - O Benfica foi campeão europeu com jogadores que faziam parte dos movimentos de libertação das colónias, como Santana e Coluna. Obviamente que Salazar não teve alternativa senão engolir o sapo e colar-se ao êxito do clube, aproveitando-se dele para efeitos políticos.


11 - Nas comemorações da vitória aliada na segunda guerra mundial, toleradas por Salazar apenas por receio de represálias dos vencedores – sobretudo a tradicional aliada Inglaterra – viram-se nas ruas bandeiras de França, dos Estados Unidos, de Inglaterra e…do Benfica, estas naturalmente substituindo as da URSS, e utilizadas por oposicionistas comunistas.


12 – O hino do Benfica (“Ser Benfiquista”) cantado por Luís Piçarra não é o original do clube. O primeiro hino, composto por Félix Bermudes, chamava-se “Avante Benfica” e foi silenciado pelo regime.

13 – O Estádio da Luz passou 17 anos, desde a sua fundação, sem ser utilizado pela selecção nacional. Só já nos anos setenta se disputou o primeiro jogo de Portugal num estádio benfiquista. Nunca se jogou a final da taça na Luz ou em qualquer outro estádio utilizado pelo Benfica, ao contrário do que aconteceu nas Antas, onde o F.C.Porto disputou (em casa) nada menos que três finais, antes e depois do 25 de Abril.


14 - O primeiro grande escândalo de arbitragem na história do futebol português valeu um título ao F.C.Porto. Estávamos em 1939, no auge da ditadura salazarista, e no jogo decisivo os “vermelhos” viram um golo anulado nos últimos instantes, que valeria a vitória e o título. Também a história Calabote (que foi irradiado) está mal contada – e em breve poderei falar dela -, e de resto redundou num outro título para o F.C.Porto, que aliás já na altura demonstrava uma propensão enorme para se envolver em questões desta natureza.

(continua..)
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De e mais uma desculpazita... a 29.03.2010 às 22:15

15 – Ao longo dos anos do regime ditatorial, as situações em que os poderes públicos e federativos prejudicaram o Benfica administrativamente sucederam-se. Uma das mais conhecidas foi a não autorização para adiar o jogo da Taça de Portugal frente ao V.Setúbal, marcado para o dia seguinte à final de Amsterdão em 1962. Mas houve outras, como a marcação da repetição de um jogo para três dias antes da tal jornada de Calabote, obrigando o Benfica a um desgaste adicional que lhe poderá ter custado o título.


16 – Nunca em tempo algum o Benfica teve um seu sócio, ou mesmo adepto, como presidente de organismos ligados à arbitragem do futebol. O F.C.Porto é o que se sabe, e o Sporting também não se pode queixar pois tem agora lá um “emblema de ouro”.


17 - O Benfica conquistou mais títulos nacionais nas modalidades extra-futebol em democracia (57), do que em ditadura (44). Ao contrário, por exemplo, do F.C.Porto, que à excepção do caso específico do hóquei em patins, tem mais títulos antes da revolução de Abril do que depois (25 antes -19 depois).


18 - O Benfica tem entre os seus adeptos gente de todos os estratos sociais e sectores políticos. Mas convenhamos que Álvaro Cunhal, José Saramago, Xanana Gusmão, António Guterres, Jerónimo de Sousa, António Vitorino de Almeida, Artur Semedo, Manuel Alegre, Miguel Portas e muitas outras figuras da esquerda portuguesa, simpatize-se mais ou menos com elas, nunca seriam seguramente adeptos de um clube de algum modo relacionado com o regime fascista.


19 – É curioso que o Benfica, tendo adeptos espalhados pelo país e pelo mundo, tem maior expressividade precisamente nas zonas mais conhecidas pelo seu combate ao fascismo, ou seja Alentejo – onde a percentagem de benfiquistas é absolutamente esmagadora - e cintura industrial de Lisboa, nomeadamente a margem sul do Tejo. Pelo contrário, o F.C.Porto tem a grande maioria dos seus adeptos concentrados na região norte, pouco conhecida pelo combate democrático – pode ser injusto para muitos dizê-lo, mas a verdade é que a maioria dos agentes da PIDE eram nortenhos, e a maioria dos detidos eram provenientes justamente das zonas onde existe maior expressão do benfiquismo.
Nos anos quentes da reforma agrária, no pós-revolução, sei de pessoal das UCP’s alentejanas que se organizava em excursões para os jogos internacionais do Benfica.


20 – Seria interessante também fazer a contabilidade dos adeptos e sócios do Benfica nas ex-colónias. Como seria possível haver tantos benfiquistas, por exemplo, em Angola e Moçambique, se o clube tivesse alguma conotação com o regime que durante anos lhes negou a independência e lhes deu a guerra ?
(agora que aprenderam um bocadito, lavem essa boquinha de farelos que o vosso paleio já cheira mal)

DEIXEM PASSAR O ETERNO MAIOR DE PORTUGAL!!

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